20 de set. de 2008

Food for thought

"Happy are the broken people, because the light is shining through them." - Michel Audiard, roteirista francês

Aeromatic 1912


Eu estava outro dia batendo o ponto em uma conhecida livraria em Brasília. Paquerei livros e chequei os periódicos de sempre: Esquire, Vogue (sim, eu gosto da Anna Wintour. Leia o editorial da edição de setembro e você entenderá), GQ, ArtForum e o que mais chamasse a atenção. Carta Capital, eu assino. Infelizmente não leio em espanhol, pois a Esquire do país dos bascos trazia uma capa belíssima com Adrien Brody. Uma linguagem fotográfica que parece estar em alta. Nessa profusão de estilo e apelo visual, uma peça discreta se impôs. Um relógio cuja caixa repousava elegantemente em sua pulseira de couro (foto). O melhor é que não estava em nenhuma revista. Era ao vivo! Fui atrás... De informação. Para minha surpresa tinha mais do que design. Tinha história. Fabricado pela Aeromatic 1912, perto de Frankfurt, Alemanha, o modelo é da série A 1236. O desenho é baseado em uma solução um tanto quanto estóica dos aviadores da Primeira Guerra Mundial. Relógios de bolso eram usados como amuletos e identificadores de seus donos, uma vez que seus nomes eram grafados no verso da caixa. Foram adaptados a longas pulseiras de couro enroladas ao pulso. Em caso de acidente, seriam utilizadas para evitar a gangrena. Portanto, como outros desenhos clássicos, este nasceu da necessidade, da inteligência e da abastança. Não tenho nenhuma razão para acreditar que o moço da livraria sabia o que estava carregando. Mas, depois de conhecer a história que o acompanhava, me confortou o fato de ter sobrevivido somente o bom gosto dos que criaram a peça.

23 de jul. de 2008

Farol em tempestade

Todos nós sabemos que os faróis serviam ao nobre propósito de orientar os navegadores seja da água ou do ar em momentos e locais turbulentos. Com o avanço da tecnologia, esses sistemas tornaram-se um tanto quanto obsoletos. No entanto, eles permanecem profundamente arraigados em nossa sociedade sob a forma de metáfora. O que mal respira é a capacidade de exercitá-la. A revista Carta Capital tem sido um desses preciosos pontos de luz. Denunciou, pelo menos desde 2005, as origens dos escândalos em torno de Daniel Dantas, suas causas e suas conseqüências. A reportagem de Leandro Forte, “A ponta do iceberg”, do dia 16 de julho, é um belo exemplo de como este periódico vem se dedicando ao jornalismo que esclarece a população em vez de manipulá-la.

10 de jul. de 2008

Fotografia - Franco Fontana

Eu, que sempre considerei a cor algo que torna a fotografia "artisticamente menos importante" , que quando via exposições coloridas, achava tudo parecido com cartão postal ou festa de aniversário, tive que mudar de opinião ao me deparar com o trabalho do italiano Franco Fontana. Fiquei impressionado.
Nascido em 1933 em Modena, o fotógrafo teve a cor como preocupação inicial no seu trabalho. Ele produziu trabalhos quase abstratos em composição, linha que se modificou quando o fotógrafo começou a "pegar emprestada a vida de outras pessoas, pois a sua já não era mais suficiente." Seu trabalho então passou a incluir pessoas, sempre dispostas como mais um elemento pictórico disposto em uma rígida composição fotográfica. Ele tem inclusive uma série de nus que impressionam pelo uso das cores, das formas, da luz.
Enche os olhos.

26 de jun. de 2008

"O destruidor da pintura"

A incredulidade de São Tomé (1602-03, óleo sobre tela, 107x146cm, Potsdam, Château de Sans- Souci)

Poussin não suportava Caravaggio. Dizia que ele viera ao mundo para destruir a pintura. Como arte, entenda-se bem. Mas, graças à sua tempestuosa genialidade, reconhecemos hoje em seus quadros um dos ápices da capacidade humana em retratar o sofrimento, o êxtase cristão, a piedade, a embriaguês, o arrebatamento, a juventude, a sabedoria. O artista usou a luz, a forma e a textura com uma abordagem mais próxima da realidade do homem comum. André Félibien, historiador francês do século XVII, apontou com precisão uma das grandes contribuições de Caravaggio: "Ele representou somente o que aparecia diante dos seus olhos. E fez isso com tão pouco julgamento que nem ressaltava o que era belo nem fugia do que era feio. Em vez disso, ele pintava ambos." Para nossa sorte, de tempos em tempos, a humanidade produz um grande destruidor.


fonte: Caravaggio, de Manuel Jover (Ed. Terrail, 255 pgs, U$ 19,04)

Vento na face

"Meus olhos já tocam o monte ensolarado,
indo muito à frente da estrada que tomei.
Assim somos compreendidos pelo que não podemos compreender;
e que tem sua luz interior, mesmo a distância -

e nos modifica, mesmo que não o alcancemos,
em alguma outra coisa, que sem sentir já somos.
Um gesto nos acena, respondendo ao nosso próprio gesto...
mas o que sentimos é o vento na face."
Rainer Maria Rilke

21 de jun. de 2008

Héracles ferido nas pistas de dança



Hercules and Love Affair é o projeto de disco music (disco is not dead, ok?) do DJ novaiorquino Andy Butler, onde cantam Nomi, Kim Ann Foxman e Antony Hegarty (vocalista de Antony & The Johnsons). Tem ainda convidados ilustres: Tim Goldsworthy do LCD Soundsystem ajudou na produção e Tyler Pope do !!! toca baixo em duas músicas. Eles saíram pelo selo DFA, e bombaram ano passado com o hit ‘Blind’, cantado por Anthony. Em You Belong, outra faixa do grupo, os holofotes vão mais para Nomi, segunda vocalista da banda, enquanto Anthony ‘envelopa’ a música com gemidos e sussurros e o groove rola solto. A música remete aos club hits dos anos 90, com Deee Lite gritando em minhas têmporas. O nome da banda vem da lenda grega de Héracles, herói conhecido por sua força e virilidade, que foram perdidas quando o seu amante morreu. Todos os membros da banda são gays assumidos e bastante respeitados pelos seus trabalhos. É bastante engraçado escutar Anthony, com seu vozeirão mezzo Billy, mezzo Nina, entoar libelos disco numa batida bem animada. Acho muito digno.

4 de jun. de 2008

Muro na berlinda

Eu nem sabia, mas várias frases, repetidas exaustivamente por todos nós, surgiram na Revolução de 1968. Mais precisamente em maio daquele ano em Paris. Momento único no século em questão, estava presente o espírito revolucionário só visto anteriormente na Revolução Francesa. O que se defendia também não era muito diferente. Liberdade. Dois séculos depois, o mundo ainda era assolado por ditaduras lícitas ou ilícitas. A inquietação estava no ar para que a repressão viesse por terra. Em todos os níveis. A agitação gerou inúmeros slogans que seriam mais tarde absorvidos pela própria cultura contra a qual eles gritavam. “É proibido proibir”. “Seja realista, exija o impossível”. “Eu não serei livre enquanto um só homem for servil”. “A imaginação no poder”. Estas e muitas outras mensagens só tiveram o seu alcance graças à grafitagem ou simplesmente à utilização do espaço público para se expressar. Não estou falando de vandalismo. Mas de intervenções mais consciente. Esse espírito contestador ainda está vivo. Veja o uso que o artista plástico britânico Banksy faz desta possibilidade. Tempos diferentes, mas impactos semelhantes.

PS1: se você lê em francês, sugiro um site bastante completo sobre os slogans de 68. Chama-se Slogans et graffiti. Veja também este: Mai 68 – Mai 08. Tem uma extensa galeria de cartazes.
PS2: a revista Esquire fez uma excelente reportagem sobre o artista em novembro de 2005.

2 de jun. de 2008

YSL (*1936 - †2008)

"Não se pode apegar às modas e acreditar demais nelas, ou seja, se deixar levar. É preciso olhar cada moda com humor, superá-las, acreditar o bastante para dar a impressão de que é vivida, mas não muito para poder conservar a liberdade".

montagem sobre foto de André Rau com padronagem inspirada em Mondrian, utilizada pelo estilista em sua criação.

16 de mai. de 2008

Corte profundo

Assisti outro dia mais uma vez Blade Runner. A versão comercial. Não foi desde o início. Estava apenas “zapeando” e parei no filme. Tenho esse hábito e às vezes acontecem coisas interessantes. Não lembrava de vários detalhes. O que permitiu uma visão até então nova para mim. Vi a parte final. Algumas referências foram inevitáveis. A relação entre o caçador e o caçado é a primeira coisa que veio à mente. Mas no auge da perseguição, quando o andróide segura uma pomba, me dou conta de outra leitura. Já deu pra sacar por onde vou, não? A trindade. É uma relação de criador e criatura muito antes de ser caçador e caçado. Ainda que não sejam excludentes, a primeira me parece mais culturalmente visceral. De forma simples, a história do filme é sobre a contratação de um ex-policial, Rick Deckard (Harrison Ford), para exterminar quatro andróides rebeldes da série Nexus. Para evitar que estas invenções se tornassem demasiadamente humanos, foi inserido um mecanismo de segurança de autodestruição. Daí a rebeldia. Eles procuram por uma sobrevida. Também de forma simplista, “Deus é uma trindade de pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. (...). Eles são pessoas distintas; ainda assim, são todos o mesmo único Deus. Eles estão em perfeita harmonia consistindo de uma única substância.” Embora sejam o mesmo, há uma distinção de funções na trindade: “o Pai escolhe quem será salvo (Efésios 1:4); o Filho os redime (Ef. 1:7); e o Espírito Santo os sela (Ef. 1:13).” Quando o replicante segura a pomba, começa o perdão e a resignação. Em seguida, ele salva o caçador e morre. Tinha se aproximado demais. O criador gerou a criatura que permitiu aos dois a compreensão do próprio ciclo. Ahhhhhh.... tô doido! Vou bater asas.
PS: replicação significa duplicação de uma molécula de ADN (Houaiss).

9 de mai. de 2008

Ou sabe ou não sabe

Coloquei a discografia da Erikah Badu aí em baixo só para constar. Ela é desses artistas que você não escuta na loja. Simplesmente compra e pronto. Está garantindo para o resto da vida um momento de prazer puro. Todos os álbuns podem ser escutados do início ao fim sem saltar nenhuma faixa. Na verdade, você voltará algumas. E voltará alguns anos mais tarde para escutar de novo. Tem quase dez anos que revisito o Baduizm. Não envelhece. Quem sabe faz assim.

Baduizm - 1997
Baduizm Live - 1998

Mama's Gun - 2000

World Wide Underground - 2003

New Amerykah Part One (4th World War) - 2008



8 de mai. de 2008

Para qualquer momento

"...É sempre melhor o impreciso que embala que o certo que basta,
porque o que basta acaba onde basta, e onde acaba não basta,
e nada que se pareça com isto devia ser o sentido da vida..."
trecho do poema A casa branca nau preta
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

7 de mai. de 2008

A história com pitadas de Burberry

Primeiro dê uma boa olhada na foto ao lado. Tem muito a ser observado. O outfit é da coleção Outono/Inverno 2008. Rico em textura, corte, tons, padrões. Mas tem outro aspecto em que também é rico: história.
Começa em 1856, com um aprendiz de comerciante de roupas, Thomas Burberry. Então com 21 anos, abre uma pequena loja em Basingtoke (Hampshire, Inglaterra). A ênfase foi em qualidade e inovação de tecidos. Deu frutos. Em 1880, já com uma clientela fiel e sustentando o título de Empório, Burberry desenvolve um tecido resistente às intempéries. Surgia o Gabardine, com a vantagem de manter a boa respiração da pele. Não bastando isso, em 1895, os Burberrys, pois os filhos já estavam participando dos negócios, criam o Tielocken, precursor do atual Trench Coat. A peça fez boa parte da fortuna da família ao ser adotado pelo exército britânico na Guerra dos Bôeres (veja nota). A marca patrocinou também dois grandes exploradores: em 1911, o norueguês Roald Amundsen torna-se o primeiro homem a atingir o Pólo Sul e, em 1914, Ernest Shackleton lidera uma travessia por todo o continente gelado que se tornaria um símbolo de persistência e sobrevivência. Mesmo com esse histórico, o famoso padrão xadrez (check) seria registrado apenas uma década depois. Popularizada por figurões como Winston Churchill, Gary Cooper, Joan Crawford, Humphrey Bogart, George Bernard Shaw e Peter Sellers, a empresa receberia, em 1955 e 1989, dois Royal Warrant of Appointment. Distinção concedida pela família real inglesa aos fornecedores de sua corte como sinônimo de qualidade. Em 2006, a Burberry fez 150 anos e o atual designer da casa, Christopher Bailey, criou uma nova versão do padrão xadrez na coleção Primavera/Verão daquele ano (hemisfério norte). Chamado Housecheck, o novo desenho é feito em cima do Novacheck, um padrão criado para o público jovem que consumia a marca. O xadrez original chamava-se Haymarket Check ou Burberry Classic Check (foto).

Tenho certeza que agora você verá com outros olhos qualquer produção da Burberry.
Nota
Houve duas Guerras dos Bôeres. A primeira, entre 1880 e 1881 e a segunda, entre 1899 e 1902. Os Bôeres eram descendentes calvinistas de holandeses, alemães e franceses. Estabeleceram-se na África do Sul na segunda metade do século XVIII. A descoberta de diamantes e ouro incentivou a imigração, gerou a riqueza dos colonos e o despertou o desejo de independência. Na época esta região era uma possessão inglesa. O Tratado de Vereeniging, assinado em Pretória, encerra o conflito favorecendo a Grã-Bretanha e fazendo algumas concessões à população local.

5 de mai. de 2008

Discurso de um Ditador. Quem dera!


trecho do discurso proferido no filme O Grande Ditador, de Chaplin:
"I’m sorry, but I don’t want to be an emperor. That’s not my business. I don’t want to rule or conquer anyone. I should like to help everyone – if possible – Jew, Gentile – black man – white. We all want to help one another. Human beings are like that. We want to live by each other’s happiness – not by each other’s misery. We don’t want to hate and despise one another. In this world there is room for everyone. And the good earth is rich and can provide for everyone. The way of life can be free and beautiful, but we have lost the way.
Greed has poisoned men’s souls, has barricaded the world with hate, has goose-stepped us into misery and bloodshed. We have developed speed, but we have shut ourselves in. Machinery that gives abundance has left us in want. Our knowledge has made us cynical. Our cleverness, hard and unkind. We think too much and feel too little. More than machinery we need humanity. More than cleverness we need kindness and gentleness. Without these qualities, life will be violent and all will be lost…" (...)

4 de mai. de 2008

Rufus faz os brasileiros



Altamente recomendado é o show de Rufus Wainwright, cantor, que está em turnê pelo país, passando por São Paulo, Rio, Beagá e Brasília. Franca ficou de fora desta vez. Como uma penca de bons artistas, Rufus faz muito sucesso entre a crítica, mas a audiência não consegue penetrar muito em suas referências. Mas algum sucesso ele fez, graças a diversas músicas em filmes de sucesso, em especial Shrek, Moulin Rouge e Brokeback Mountain.

Gay assumido, Rufus é um apaixonado por Ópera, literatura e cultura pop. Seu último álbum, "Rufus does Judy", ou Rufuz faz a Judy, para as íntimas, ele se apresenta de batom, vestidinho e salto alto, cantando as músicas de la Garland. Daí você tira a cabeça dessa diva excêntrica, viciada em metanfetamina (ficou até cega um tempo, por conta do vício) e competentíssima. Para quem curte Keane, Leonard Cohen, Anthony and the Johnsons, é prato cheio.

O Myspace dele tem algumas músicas para conferir, e as datas dos shows. E aqui algumas músicas. Ladies and gentlemen, Rufus Wainwright.

30 de abr. de 2008

Oren Lavie



Já falamos de seleção natural por aqui. E o refinamento é o que se espera. Melhores predadores, melhores escapadas, mais inteligência, mais sofisticação. Olha só o que aconteceu: Oren Lavie. A excelência nasceu em Tel Aviv, Israel, em 1976. Mudou-se para Londres aos dezoito anos para estudar direção teatral e fazer suas peças. Até aí, nenhuma novidade. Vamos continuar: montou duas peças e ganhou vários prêmios. Resolveu ir para Nova Iorque. Eu já disse que ele aprendeu a tocar piano sozinho? Não? Pois é. Só que na Big Apple não tinha espaço para o instrumento. Então ele aprendeu a tocar guitarra. Just like that! Mudou mais uma vez para Berlim. Na bagagem, várias composições. Gravou o disco no quarto. Isso mesmo. No quarto. Chama-se The opposite side of the sea. Nas palavras de Nelson Motta, "São canções simples e delicadas, com belas harmonias e cheias de detalhes elegantes." Só isso! Depois de escutar, me senti um ornintorrinco.

29 de abr. de 2008

Ah, se fosse a Dorothy!

O sapatinhos-vermelhos aprontou de novo. Em discurso na Assembléia Geral da ONU, no último dia 18, o pontífice tentou dar mais uma martelada na ciência e apressar o retrocesso. Isso mesmo, também é possível apressar a involução. Como costuma dizer Mino Carta, “é de conhecimento até do mundo mineral” que o representante máximo da Igreja Católica Apostólica Romana é conservador, mas podia ser menos contraditório. O discurso de uma maneira geral fala sobre a cooperação entre os povos para a solução dos problemas que nos afligem atualmente. Desigualdade social, crise econômica, fome, miséria, corrupção; isso para ficar somente nos fatos. Só que Bento XVI muda de esfera e transforma questões práticas em questões morais. Debater a moral e a ética é sempre bem vindo. Acho mesmo que a evolução humana foi causada essencialmente pelo embate em torno dessas duas palavras. Observem: “nosso pensamento se dirige ao modo em que às vezes se aplicaram os resultados das descobertas da pesquisa científica e da tecnologia. Apesar dos enormes benefícios que a humanidade pode obter deles, alguns aspectos desta aplicação representam uma clara violação da ordem da criação, até o ponto em que não somente se contradiz o caráter sagrado da vida, mas que a própria pessoa humana e a família se vêem despojadas de sua identidade natural.” Alguém que conclama à cooperação entre as nações deveria levar em consideração a diversidade que isto implica. Estou falando de respeito às etnias, às culturas e aos credos. Onde está a solidariedade nisso? Onde está a compreensão e a bondade para com o próximo? Aliás, o que define o próximo é justamente a diferença. Não estou falando que a ciência é isenta. Não acredito que haja ação humana isenta. Mas negar medidas práticas que geram o bem-estar comum me parece crueldade. Se fosse a Dorothy, eu pediria para bater os sapatinhos.

By the way, na foto acima alguém está usando um desenho da Prada. Dica: não é do Kansas.


já falei que gosto dos inteligente?
"zeed disse...
Achei o termo 'Ordem da Criação' super apropriado para o tom da martelada de Dorothy. Para quem acredita que as coisas surgem de preceitos rígidos e regrados, a diversidade é mais uma representação do caos a ser exorcizada da fé e do conhecimento que ele proclama como sendo 'certos'."
30 de Abril de 2008 14:45

Spam Age por Adr!ano De Lavour

Algumas vezes cruzamos com figuras durante a vida que nos fazem pensar na maravilha que é a imaginação. Provavelmente é um atributo humano. Depois de Darwin, todo o resto é seleção natural. Pode ser que não. Veremos. Mas o ponto é: conheci uma mente inquieta e brilhante no início do ano. Sem nenhuma surpresa, soube que é do Ceará. Aquele estado brasileiro cujo principal produto de exportação é mente criativa. Pois bem, o Adriano de Lavour (foto) postou um comentário ontem que eu gostaria de lançar aqui. Olha que genial:
Eu já perdi a vergonha. Mando um "não tô interessado" antes mesmo de saber o que é e desligo na lata. Aliás, tenho uma teoria, que ainda vou colocar no papel, que vivemos atualmente a spam age. Presta bem atenção ao teu redor e vais perceber que isso acontece o tempo todo. São pessoas que querem que você receba papel na rua, gente que te obriga a ouvir a conversa que ela mantém ao celular...Sem falar em emails, que a gente já nem se importa mais.É a solidão barulhenta do século XXI. Informação? Pra mim são dados que desmancham no ar...
Um comentário inteligente é assim. Tem idéias próprias e tem referência. A última frase do texto do Lavour é uma paráfrase do título de um livro impressionante. Merecidamente um clássico: Tudo que é sólido se desmancha no ar, de Marshall Berman (Ed. Companhia das Letras, 472 pgs, R$ 26,00). Algumas palavras da contracapa: "visão dos tempos modernos, investigação do espírito da sociedade e da cultura dos séculos XIX e XX. Berman não hesita diante do desafio de lidar com as mais diversas áreas do saber: crítica literária, ciência econômica e política, arquitetura, urbanismo e estética".
Adorei, Lavour!

28 de abr. de 2008

Ódio com respaldo

"Oi, com quem eu falo?" Assim começa cinco minutos intermináveis de tortura marqueteira. Estou falando daquele povo responsável por transformar o gerúndio em um dos tempos verbais mais odiados pela nação. Não bastasse o desserviço à nossa língua, eles ainda praticam invasão de privacidade. Sim, porque ninguém pede para ser importunado na paz do seu celular. Tem coisa mais desagradável do que tocar aquela música que você escolheu para escutar toda vez que seus amigos, parentes, chegados, ou seja, os que tinham permissão para ligarem pra você, e em vez disso vem aquele gerúndio que bate fundo no ouvido? Vai tentar se desvencilhar em dois tempos. Impossível! Pois é... mas agora temos pelo menos uma voz com espaço na mídia para falar por nós: Stalimir Vieira. Filho de comunistas (será?), este gaúcho lançou um livro chamado Marca - o que o coração não sente os olhos não vêem (Ed. Martins Fontes, 140 páginas, R$ 20,oo). Muito tarimbado o moço. Passou pelo mercado financeiro, pelo setor hoteleiro e por grandes agências como DPZ, W/Brasil, Bates e DDB Argentina. Hoje é consultor. Palavras dele: isso é uma deselegância. Esse é o marketing estúpido e grosseiro, que aborda as pessoas sem pedir licença. Adivinha sobre o que ele tá falando? Suas idéias sobre esta prática do mercado publicitário são apenas uma parte de algo muito mais interessante. O livro aborda a ética no marketing. Não é a primeira, nem será a última vez que este assunto vem à baila, mas existe uma imensa diferença em ser tratado por alguém que conhece muito bem o ramo.

fonte: revista Carta Capital (23.04.2008)

27 de abr. de 2008

Les fleurs de Jeff Leatham

O moço aí chama-se Jeff Leatham. É o diretor artísticos do Four Seasons Hotel George V em Paris. Eleito por três anos consecutivos o melhor florista da europa, este americano da Califórnia terá arranjos seus expostos no shopping Iguatemi em Sampa no mês de maio. Bastante apropriado, não?

Quero ser Louise Bourgeois

trecho de entrevista para a revista WHITE WALL (winter 2008)
My work deals with problems that I encouter with other people. I would like people to undestand and like me, which is not an easy thing to achieve. My work is not about memories, but rather about problems and difficulties in the present. My work is my psychoanalysis and like psychoanalysis, you must go back and find the source of these feelings, good and bad, in order to undestand how they are operanting today and affecting the way you feel and live.
a foto é do Herb Ritts (1990, Nova Iorque)