20 de set. de 2008

Aeromatic 1912


Eu estava outro dia batendo o ponto em uma conhecida livraria em Brasília. Paquerei livros e chequei os periódicos de sempre: Esquire, Vogue (sim, eu gosto da Anna Wintour. Leia o editorial da edição de setembro e você entenderá), GQ, ArtForum e o que mais chamasse a atenção. Carta Capital, eu assino. Infelizmente não leio em espanhol, pois a Esquire do país dos bascos trazia uma capa belíssima com Adrien Brody. Uma linguagem fotográfica que parece estar em alta. Nessa profusão de estilo e apelo visual, uma peça discreta se impôs. Um relógio cuja caixa repousava elegantemente em sua pulseira de couro (foto). O melhor é que não estava em nenhuma revista. Era ao vivo! Fui atrás... De informação. Para minha surpresa tinha mais do que design. Tinha história. Fabricado pela Aeromatic 1912, perto de Frankfurt, Alemanha, o modelo é da série A 1236. O desenho é baseado em uma solução um tanto quanto estóica dos aviadores da Primeira Guerra Mundial. Relógios de bolso eram usados como amuletos e identificadores de seus donos, uma vez que seus nomes eram grafados no verso da caixa. Foram adaptados a longas pulseiras de couro enroladas ao pulso. Em caso de acidente, seriam utilizadas para evitar a gangrena. Portanto, como outros desenhos clássicos, este nasceu da necessidade, da inteligência e da abastança. Não tenho nenhuma razão para acreditar que o moço da livraria sabia o que estava carregando. Mas, depois de conhecer a história que o acompanhava, me confortou o fato de ter sobrevivido somente o bom gosto dos que criaram a peça.

5 comentários:

Unknown disse...

Amei o texto! Sucinto e sincero como sempre.

FERNANDO CS disse...

Isso não se faz. Depois que vi foto desse relógio ( e você fez questão de mostrar no trabalho, sabendo de minha fixação por esse tipo de acessório ) fiquei enlouquecido rs.

Por que você faz sempre isso?

A propósito: você escreve bem à beça e falando sério: já pensou em escrever algo? Tem algo escrito?

F>

Misael Rocha disse...

Valeu pelo elogio, Fernando. Nunca pensei em dedicar tempo para a escrita. Aliás, o blog começou como um exercício pessoal. Mas devo confessar que gosto de escrever. Quem sabe, sem querer(?), você não acabou de me provocar...

FERNANDO CS disse...

Espero que sim. Mesmo. Porque é agradável ler o que você escreve. Você é conciso ( aliás como se faz pra ser hein? rs ), claro e ao mesmo tempo constrói com riqueza. Se eu provoquei. Que bom!rs
Abraços
F>

Misael Rocha disse...

Honestamente, acho que o melhor lugar para encontrar concisão são os periódicos. Especialmente as colunas. Os caras são obrigados a escrever de forma mais direta. Normalmente, bons jornais americanos e britânicos têm uma densidade de informação difícil de encontrar no país. Achei na Carta Capital. Mas o que interessa é o exercício da leitura. Acaba refletindo na escrita.
Espero ter ajudado.
abs