30 de abr. de 2008

Oren Lavie



Já falamos de seleção natural por aqui. E o refinamento é o que se espera. Melhores predadores, melhores escapadas, mais inteligência, mais sofisticação. Olha só o que aconteceu: Oren Lavie. A excelência nasceu em Tel Aviv, Israel, em 1976. Mudou-se para Londres aos dezoito anos para estudar direção teatral e fazer suas peças. Até aí, nenhuma novidade. Vamos continuar: montou duas peças e ganhou vários prêmios. Resolveu ir para Nova Iorque. Eu já disse que ele aprendeu a tocar piano sozinho? Não? Pois é. Só que na Big Apple não tinha espaço para o instrumento. Então ele aprendeu a tocar guitarra. Just like that! Mudou mais uma vez para Berlim. Na bagagem, várias composições. Gravou o disco no quarto. Isso mesmo. No quarto. Chama-se The opposite side of the sea. Nas palavras de Nelson Motta, "São canções simples e delicadas, com belas harmonias e cheias de detalhes elegantes." Só isso! Depois de escutar, me senti um ornintorrinco.

29 de abr. de 2008

Ah, se fosse a Dorothy!

O sapatinhos-vermelhos aprontou de novo. Em discurso na Assembléia Geral da ONU, no último dia 18, o pontífice tentou dar mais uma martelada na ciência e apressar o retrocesso. Isso mesmo, também é possível apressar a involução. Como costuma dizer Mino Carta, “é de conhecimento até do mundo mineral” que o representante máximo da Igreja Católica Apostólica Romana é conservador, mas podia ser menos contraditório. O discurso de uma maneira geral fala sobre a cooperação entre os povos para a solução dos problemas que nos afligem atualmente. Desigualdade social, crise econômica, fome, miséria, corrupção; isso para ficar somente nos fatos. Só que Bento XVI muda de esfera e transforma questões práticas em questões morais. Debater a moral e a ética é sempre bem vindo. Acho mesmo que a evolução humana foi causada essencialmente pelo embate em torno dessas duas palavras. Observem: “nosso pensamento se dirige ao modo em que às vezes se aplicaram os resultados das descobertas da pesquisa científica e da tecnologia. Apesar dos enormes benefícios que a humanidade pode obter deles, alguns aspectos desta aplicação representam uma clara violação da ordem da criação, até o ponto em que não somente se contradiz o caráter sagrado da vida, mas que a própria pessoa humana e a família se vêem despojadas de sua identidade natural.” Alguém que conclama à cooperação entre as nações deveria levar em consideração a diversidade que isto implica. Estou falando de respeito às etnias, às culturas e aos credos. Onde está a solidariedade nisso? Onde está a compreensão e a bondade para com o próximo? Aliás, o que define o próximo é justamente a diferença. Não estou falando que a ciência é isenta. Não acredito que haja ação humana isenta. Mas negar medidas práticas que geram o bem-estar comum me parece crueldade. Se fosse a Dorothy, eu pediria para bater os sapatinhos.

By the way, na foto acima alguém está usando um desenho da Prada. Dica: não é do Kansas.


já falei que gosto dos inteligente?
"zeed disse...
Achei o termo 'Ordem da Criação' super apropriado para o tom da martelada de Dorothy. Para quem acredita que as coisas surgem de preceitos rígidos e regrados, a diversidade é mais uma representação do caos a ser exorcizada da fé e do conhecimento que ele proclama como sendo 'certos'."
30 de Abril de 2008 14:45

Spam Age por Adr!ano De Lavour

Algumas vezes cruzamos com figuras durante a vida que nos fazem pensar na maravilha que é a imaginação. Provavelmente é um atributo humano. Depois de Darwin, todo o resto é seleção natural. Pode ser que não. Veremos. Mas o ponto é: conheci uma mente inquieta e brilhante no início do ano. Sem nenhuma surpresa, soube que é do Ceará. Aquele estado brasileiro cujo principal produto de exportação é mente criativa. Pois bem, o Adriano de Lavour (foto) postou um comentário ontem que eu gostaria de lançar aqui. Olha que genial:
Eu já perdi a vergonha. Mando um "não tô interessado" antes mesmo de saber o que é e desligo na lata. Aliás, tenho uma teoria, que ainda vou colocar no papel, que vivemos atualmente a spam age. Presta bem atenção ao teu redor e vais perceber que isso acontece o tempo todo. São pessoas que querem que você receba papel na rua, gente que te obriga a ouvir a conversa que ela mantém ao celular...Sem falar em emails, que a gente já nem se importa mais.É a solidão barulhenta do século XXI. Informação? Pra mim são dados que desmancham no ar...
Um comentário inteligente é assim. Tem idéias próprias e tem referência. A última frase do texto do Lavour é uma paráfrase do título de um livro impressionante. Merecidamente um clássico: Tudo que é sólido se desmancha no ar, de Marshall Berman (Ed. Companhia das Letras, 472 pgs, R$ 26,00). Algumas palavras da contracapa: "visão dos tempos modernos, investigação do espírito da sociedade e da cultura dos séculos XIX e XX. Berman não hesita diante do desafio de lidar com as mais diversas áreas do saber: crítica literária, ciência econômica e política, arquitetura, urbanismo e estética".
Adorei, Lavour!

28 de abr. de 2008

Ódio com respaldo

"Oi, com quem eu falo?" Assim começa cinco minutos intermináveis de tortura marqueteira. Estou falando daquele povo responsável por transformar o gerúndio em um dos tempos verbais mais odiados pela nação. Não bastasse o desserviço à nossa língua, eles ainda praticam invasão de privacidade. Sim, porque ninguém pede para ser importunado na paz do seu celular. Tem coisa mais desagradável do que tocar aquela música que você escolheu para escutar toda vez que seus amigos, parentes, chegados, ou seja, os que tinham permissão para ligarem pra você, e em vez disso vem aquele gerúndio que bate fundo no ouvido? Vai tentar se desvencilhar em dois tempos. Impossível! Pois é... mas agora temos pelo menos uma voz com espaço na mídia para falar por nós: Stalimir Vieira. Filho de comunistas (será?), este gaúcho lançou um livro chamado Marca - o que o coração não sente os olhos não vêem (Ed. Martins Fontes, 140 páginas, R$ 20,oo). Muito tarimbado o moço. Passou pelo mercado financeiro, pelo setor hoteleiro e por grandes agências como DPZ, W/Brasil, Bates e DDB Argentina. Hoje é consultor. Palavras dele: isso é uma deselegância. Esse é o marketing estúpido e grosseiro, que aborda as pessoas sem pedir licença. Adivinha sobre o que ele tá falando? Suas idéias sobre esta prática do mercado publicitário são apenas uma parte de algo muito mais interessante. O livro aborda a ética no marketing. Não é a primeira, nem será a última vez que este assunto vem à baila, mas existe uma imensa diferença em ser tratado por alguém que conhece muito bem o ramo.

fonte: revista Carta Capital (23.04.2008)

27 de abr. de 2008

Les fleurs de Jeff Leatham

O moço aí chama-se Jeff Leatham. É o diretor artísticos do Four Seasons Hotel George V em Paris. Eleito por três anos consecutivos o melhor florista da europa, este americano da Califórnia terá arranjos seus expostos no shopping Iguatemi em Sampa no mês de maio. Bastante apropriado, não?

Quero ser Louise Bourgeois

trecho de entrevista para a revista WHITE WALL (winter 2008)
My work deals with problems that I encouter with other people. I would like people to undestand and like me, which is not an easy thing to achieve. My work is not about memories, but rather about problems and difficulties in the present. My work is my psychoanalysis and like psychoanalysis, you must go back and find the source of these feelings, good and bad, in order to undestand how they are operanting today and affecting the way you feel and live.
a foto é do Herb Ritts (1990, Nova Iorque)