29 de abr. de 2008

Ah, se fosse a Dorothy!

O sapatinhos-vermelhos aprontou de novo. Em discurso na Assembléia Geral da ONU, no último dia 18, o pontífice tentou dar mais uma martelada na ciência e apressar o retrocesso. Isso mesmo, também é possível apressar a involução. Como costuma dizer Mino Carta, “é de conhecimento até do mundo mineral” que o representante máximo da Igreja Católica Apostólica Romana é conservador, mas podia ser menos contraditório. O discurso de uma maneira geral fala sobre a cooperação entre os povos para a solução dos problemas que nos afligem atualmente. Desigualdade social, crise econômica, fome, miséria, corrupção; isso para ficar somente nos fatos. Só que Bento XVI muda de esfera e transforma questões práticas em questões morais. Debater a moral e a ética é sempre bem vindo. Acho mesmo que a evolução humana foi causada essencialmente pelo embate em torno dessas duas palavras. Observem: “nosso pensamento se dirige ao modo em que às vezes se aplicaram os resultados das descobertas da pesquisa científica e da tecnologia. Apesar dos enormes benefícios que a humanidade pode obter deles, alguns aspectos desta aplicação representam uma clara violação da ordem da criação, até o ponto em que não somente se contradiz o caráter sagrado da vida, mas que a própria pessoa humana e a família se vêem despojadas de sua identidade natural.” Alguém que conclama à cooperação entre as nações deveria levar em consideração a diversidade que isto implica. Estou falando de respeito às etnias, às culturas e aos credos. Onde está a solidariedade nisso? Onde está a compreensão e a bondade para com o próximo? Aliás, o que define o próximo é justamente a diferença. Não estou falando que a ciência é isenta. Não acredito que haja ação humana isenta. Mas negar medidas práticas que geram o bem-estar comum me parece crueldade. Se fosse a Dorothy, eu pediria para bater os sapatinhos.

By the way, na foto acima alguém está usando um desenho da Prada. Dica: não é do Kansas.


já falei que gosto dos inteligente?
"zeed disse...
Achei o termo 'Ordem da Criação' super apropriado para o tom da martelada de Dorothy. Para quem acredita que as coisas surgem de preceitos rígidos e regrados, a diversidade é mais uma representação do caos a ser exorcizada da fé e do conhecimento que ele proclama como sendo 'certos'."
30 de Abril de 2008 14:45

3 comentários:

Cristiano Melo disse...

testando um, dois, três

Cristiano Melo disse...

Ah, agora consegui postar. Bem, primeiramente parabenizo pelo "lay out" do "blog". Como fã de sua faceta artística visual, não poderia ser diferente. E o conteúdo é bem a sua cara, vai da ironia escrachada à profundidade de pensamentos estruturados. Novamente, aqui não esperava algo diferente. Abraços amplexos.

Nivas Gallo disse...

Achei o termo "Ordem da Criação" super apropriado para o tom da martelada de Dorothy. Para quem acredita que as coisas surgem de preceitos rígidos e regrados, a diversidade é mais uma representação do caos a ser exorcizada da fé e do conhecimento que ele proclama como sendo "certos".